dezembro 11, 2011

AO ENCONTRO DOS PÁSSAROS

Era uma vez, numa floresta cheia dos mais belos animais, haviam os mais belos pássaros jamais vistos. Todos eram lindos e a maioria deles participavam do concurso de beleza, sempre numa grande competição, algo difícil para decidir qual seria o mais elegante e charmoso.

Todos os pássaros daquela floresta viviam em harmonia, cada um deles tinha seu próprio lar. Muitas e muitas casinhas de pássaros enfeitavam toda a floresta.

A diversão primordial dos pássaros era aos domingos descer de seus lares e assistir próximo ao lago, vários concertos de música que os ursos organizavam. Aquilo não era somente um barulho habitual dos bichos, eles levavam mesmo jeito para a música, impossível encontrar um dos pássaros ou habitante daquela floresta que não gostasse.

Todos estavam animados, como de sempre, em grande reunião, nos fins de semana, a maioria ia visitar os parentes-pássaros mais distantes. Aos sábados acontecia campeonato de dança entre eles e os que não viajavam, havia concerto de música e também durante a semana, era de costume, visitar seus vizinhos ou muitos ficarem horas vendo TV a noite ou jogando dardos, billar, dominó, baralho e vários outros tipos de jogos com os amigos.

A maioria sabia viver nesta animação, ou melhor, quase todos. Havia no alto de uma macieira, uma pequena casinha, por fora de cor azul marinho e com janelas amarelada. Em torno da casinha, um lindo jardim e várias plantinhas cultivadas enfeitando o horizonte. Podia se observar também algumas pinturas à óleo em tela, recortes, montagens e a maioria à mão livre. Era bonito demais de se observar, pareciam quadros valiosos dos mais famosos artistas. Mas ali morava um artista, mas não com a fama que os outros possuíam, ele gostava mesmo era de seu anônimato e a  harmonia do seu lar. Naquela casa morava um pássaro muito especial, seu nome: Albert.

Ele amava as artes e logo cedo depois de seu desjejum, era de costume sentar em sua varanda, apreciar o horizonte e soltar a imaginação em suas pinturas em tela em companhia do pôr-do-sol. Era a única coisa que fazia que mais amava e que de um certo modo, todos a sua volta tomavam ciência de sua presença, era como preferisse expressar-se através de seus quadros, do que está no meio de todos aqueles pássaros em reunião, conversando, falando, fazendo o de sempre, na rotina e em comunidade.

Ele preferia a expressão das artes do que as palavras. Preferia mesmo passar a maior parte do seu tempo trabalhando em seu lar e na tranqüilidade de um universo particular que ele mesmo construiu. Albert, o pássaro habitante de uma linda casinha naquela macieira, trabalhava consertando máquinas de escrever e eletrodomésticos quebrados e fabricando alguns deles que eram levados para grandes fábricas daquela região. A maioria dos eletrodomésticos eram entregues a ele pelo conhecido pombo-correio daquela floresta, Sr. Paulino. Ele trazia muitos trabalhos para o pássaro Albert, este quando não estava pintando suas artes, nem consertando máquinas, nem manufaturando produtos eletrônicos que eram vendidos nas fábricas mais populares da cidade, gostava mesmo de esta trancado em seu quarto e olhar as estrelas a noite, pelo telescópio que ele mesmo construíra, o qual ficava ao lado de sua cama.

O mundo de Albert era introspectivo, preferia está entre as estrelas e na imensidão do universo subjetivo do que  na companhia dos outros pássaros, se fechava para o mundo como alguém que se refugia de tudo, até mesmo da própria vida. Mas apesar disto, era feliz com o que fazia e o com seu modo de ser, estava neste universo participar o qual construíra e gostava dele, passava horas consigo mesmo e no momento só  conseguia mesmo era pensar em seu trabalho e mais em nada.

O pássaro Albert poderia se fazia de durão para si, mas era um tremendo sonhador. Sr. Paulino, o pombo-correio, estava ali há muito tempo e vira praticamente aquele pássaro solitário nascer. Seus pais lhe deram este nome como agradecimento aos céus e aos anjos, por significar para eles uma graça alcançada, além de tudo era um nome muito especial, significava "alguém ilustre".

Do outro lado da margem do lago, não tão distante, havia chegado Jasmine, uma linda passarinha de tonalidades coloridas e extravagantes, porém eram cores que não pareciam brilhar mais, era como se todas elas quizessem ir embora dela, deixando-a aparentemente cinza e sem mais brilho.

Jasmine havia viajado por muito tempo e foi repousando aos poucos até chegar naquele lugar. Havia encontrado uma casinha e se instalou lá, como era de costume aos pássaros daquela floresta terem seu próprio lar, algo permitido até mesmo aos que vinham distante.

Ela não estava de viagem, nem pretendia visitar parentes por ali, aliás, não tinha nenhum para visitar e sua única companhia tinha sido até o momento o Grupo dos Pássaros Fisicultores de Havana, que se reuniam todas as semanas para valorizar a prática do esporte. Ela tinha vários amigos por diversas partes do mundo, porém ultimamente estava se sentindo sozinha e muito angustiada. O motivo de vir parar naquela floresta era poder se livrar de uma vida a qual levava e de um antigo amor que não estava dando mais certo. Tinha que recomeçar tudo de novo se preciso, tinha que poder ter forças para continuar, tinha que ter novos planos e assim ela largou tudo e foi seguir adiante, uma nova vida, um novo sentido, um novo horizonte.

Certa manhã de domingo, Jasmine assistia o concerto dos ursos da varanda de sua casinha, sentindo-se melhor com aquele lugar que respirava harmonia e via muitos pássaros assim como ela passearem ao horizonte e muitos sorrindo e cantando numa verdadeira festa. Sentia vontade de fazer isto, no entanto, a angústia e a melancolia eram suas parceiras de seu coração ainda tumultuado de sentimentos.
Jasmine tentara fazer um suco de frutas, quando percebera que seu liquidificador estava quebrado. "Puxa, deve ter sido de tanto sacolejar naquela viagem!" - assim pensou. Sabendo que tinha alguém para consertar, Sr. Paulino, ofereceu-se para levar seu liquidificador ao conserto, mas ela preferiu voar alto e ir até a próxima casinha de cor azul marinho e de janelas amareladas.

Logo de fora, antes de bater na porta, Jasmine ficou encantada com as pinturas e os belos quadros que o pássaro Albert tinha em sua varanda.

Ele pareceu em sua frente, sem falar nenhuma palavra e erguendo o braço para pegar o liquidificador quebrado de Jasmine. Ela se encantou com seus olhos e aquele seu olhar estranhamente misterioso. Quis perguntar sobre seus quadros e suas pinturas, queria falar sobre qualquer assunto, mas o máximo que conseguira ouvir, era apenas um "sim" ou "não".

Depois de consertado o seu liquidificador, Jasmine agradeceu ao pássaro Albert e foi embora sem dizer mais nada. Voou em direção ao seu lar e olhou para trás em busca daquele pássaro encantador de tantas artes, mas ele já havia se trancado em sua casinha, em seu universo de ares introspectivos.

Todas as manhãs, Jasmine gostava de cantar em sua varanda e escrever seus poemas. Era uma forma de expressar ao exterior de coração amargurado, todos os sentimentos que sentira em sua vida, as perguntas e as respostas que surgiam dentro de si, a cada dia. A turma dos ursos e vários pássaros daquela redondeza já estavam encantados com a linda voz de Jasmine, todos já sabiam exatamente a hora que ela iria para sua varanda cantar, numa sonoridade doce e sublime, como os mais bonitos cantos dos pássaros sonhadores. Todos eles amavam assistir a Jasmine e se deliciar com suas canções.

Se aproximando da época natalina, todos os pássaros e animais daquela floresta andavam frenéticos e o clima de harmonia cada vez mais absoluto. Pássaros para um lado, enfeitando árvores, pássaros para o outro lado montando as mais belas decorações natalinas, muitas luzinhas piscando, piscando... uma verdadeira festa!

Jasmine sabia que muitos naquela data iriam viajar para casa de seus parentes distantes, como também poucos ficariam em seus lares e vez por outra, convidariam seus vizinhos. Era momento de celebração, de reunir os amigos para comemorar esta tão aguardada data festiva de final de ano.

No entanto, Jasmine não tinha ainda sido convidada por ninguém, não estava tão confiante do que isto pudesse acontecer, todos admiravam seu canto quando estava em sua varanda, mas era tímida, não tinha muitas afinidades, gostaria de poder trocar muito mais do que um sorriso, um simples gesto amigo ou presentes.

Próximo da noite de natal, Jasmine estava em sua varanda olhando para toda beleza daquele lugar que respirava paz. Dava para perceber como os pássaros estavam felizes e reunidos com a chegada do natal. Ela, porém, sentia ausência de algo, gostaria também está em comemoração, ter parentes e amigos que pudessem amá-la de verdade e está do seu lado.

Sentiu-se triste e foi ao seu quarto deitar-se em sua camisola branca que lembravam penas de pássaros orientais. Não tinha motivos para vestir algo mais caprichado. Não esperava ninguém em seu lar e também não se sentia bonita o suficiente para agradar aos outros. Era uma passarinha gordinha, baixinha, com penas desbotadas, cabelos curtos e se achava sem graça. Portanto, pensara que não haveria ninguém que fosse se interessar por ela, a não ser por seu canto ou suas canções que escrevia. Foi deitar-se e ligou a TV, sem prestar muito atenção nela e então decidiu  tirar um cochilo.

De repente, um grande foco de luz veio em direção a casinha de Jasmine, justamente ao encontro de sua janela que dava ao seu quarto. Acordara assustada e com aquela grande claridade em sua volta, levantou-se de sua cama e foi até sua varanda para ver o que estava acontecendo. Aquela luz apontava para sua direção e Jasmine paralisada percebeu finalmente que vinha em sentido à casinha do pássaro Albert. A forte luz tornou-se um pouco mais fraca e ela deu para ler numa grande tela erguida que vinha da casa daquele pássaro misterioso: "Quer vir me acompanhar?". Ela não acreditava até conseguir ler o resto da frase que terminava com seu nome.

Jasmine escreveu num enorme papel para que Albert pudesse ler e vir até a ela. Esperou bastante tempo, mas percebera que sua luz apagara e chegou a pensar que ele recusara o convite numa fração de segundos. Mas ela tinha a certeza de uma coisa: Tudo que  mais gostaria naquele momento era de acompanhá-lo na noite de natal.

Ao pensar, um novo sentimento foi energizado dentro de si, fazendo suas cores voltarem a brilhar. Em seguida, pegou seu vestido e arrumou-se, deixando para trás os pensamentos que a deixava fragilizada e voou em direção à casinha azul marinho com tantos quadros e pinturas inspiradas, a qual ela fazia sentir-se diante de um sorriso que fazia tempo que não a acompanhava.

Dentro daquele mundo tão subjetivo que parecia tão fechado e indiferente, Jasmine descobriu que estava diante de um ser maravilhoso e de um caráter incrível, a cada descoberta a deixava mais encantada, a cada espaço de tempo na companhia de Albert a fazia pensar e refletir novamente bons ares. O que valia a pena para ela neste instante era seguir adiante num sorriso ao lado de alguém que nosso coração junto à razão, descobre que esta é a pessoa a qual podemos contar sempre ao lado, aquela que torna-se para nós um grande significado, aquela que faz tudo valer apenas tentar e compartilhar, como uma força, um alicerce ao nosso lado, não importando como devemos ou não nomear este sentimento, mas o que basta é ter a ciência de quer ter um ser que nos torna especial em nossas vidas, são como os mais belos pássaros sonhadores, é muito mais do que um significado, é um presente de Deus!

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Devemos pensar que existem em algum determinado tempo de nossas vidas, pessoas que surgem como anjos ou pássaros das mais belas espécies, os quais suas cores nos dão um novo brilho e significado...

Somos pássaros da mesma espécie, porque temos a mesma essência, o mesmo propósito e juntos iremos voar  na imensidão dos ideais diante ao horizonte azul deste mundo que nos cerca.

(Joyce Martins)