agosto 18, 2011

BENJAMIN

A muito tempo atrás, numa terra distante, uma família de Vampiros resolveu construir seu Castelo no lugar mais distante de tudo, onde ninguém pudesse vê-los. Um castelo aparentemente assombroso, tornou-se o lar da família dos Vampiros e também aonde eles faziam suas atividades.

A mamãe Vampira, Srª Holtz, tinha acabado de dar à luz a seu único filho, um lindo vampirinho com o nome de Benjamin. Seu pai, logo cedo preocupado com o bom desenvolvimento de seu filho, o ensinava sobre as práticas da tradição dos Vampiros e como ele poderia se tornar cada vez mais valente e vampiresco.

Benjamin, no entanto, demonstrava interesse pelas aulas que levava com sua tia, Srª Margot, sobre Artes, Literatura e Poesia. Logo quanto soube de sua inclinação às artes, o pai de Benjamin, enfurecido, mandou então suspender as aulas e o fez aprender outras atividades, como o ensinamento das artes marciais.

Benjamin passava maior parte do tempo em seu quarto, junto com seus brinquedos ou criando eles próprios. Tinha muitos deles, seus pais sempre traziam o melhor brinquedo do momento, o melhor jogo, o melhor boneco, brinquedos caros, que embora ele tanto gostasse, preferia mesmo ler livros de história e das artes que sua tia Margot o dava escondido, como também gostava de fabricar seus próprios brinquedos.

Um dia no jardim de sua casa, num fim de tarde em seu balanço da árvore perguntava para sua tia porque não poderia passear em outros lugares. Sua tia, pensativa, respondeu que vampiros, assim como seus pais, eram ocupados e teriam que se reunir sempre aos outros vampiros distantes para fazer coisas que só os vampiros fazem.

Benjamin, às vezes parecia confuso com tudo aquilo, mas não ligava e começou a dar importância em viver enfiado dentro dos livros de história e artes, imaginando o mundo assim através deles.

Um dia, um velho Vampiro de uma antiga tradição, numa Conferência de outros Vampiros no Castelo da família Holtz, previu que só um vampiro da Nova Geração seria capaz de se desenvolver como o mais nobre e importante de todos eles. A partir daí, o pai de Benjamin começou a treiná-lo e a incentiva-lo nas artes vampirescas.

Quando Benjamin estava prestes a se tornar um adulto, seu pai convocou uma nova reunião e o apresentou a uma linda virgem para que fosse sua presa. Benjamin não conseguiu morde-la, não quis fazer a ela nenhum mal e ficou assustado. Todos os vampiros ficaram horrorizados e descobriram que Benjamin não havia desenvolvido os enormes caninos que deveria cravar no pescoço de sua presa.

Seu pai se sentia envergonhado diante de todos, tentava solucionar aquele problema, até mesmo mandando fazer caninos falsos de resina para que pudessem ser implantados e Benjamin poder, de um certo modo, aparentar como um vampiro capaz. Mas nada deu certo. O que Benjamin queria mesmo era ficar em paz sem as cobranças alheias de seu pai fazia, não tinha culpa de que ele não era o modelo de vampiro que sua família pretendia que ele fosse. Pensando e triste, Benjamin trancou-se em seu quarto e lá ficou por muito tempo entre milhões de indagações em sua mente.

Numa noite seguinte, Benjamin, resolveu sair de seu quarto pela janela e voou entre os longos pilares que rodeavam os altos portões de seu castelo. Voou até aonde conseguia, até aonde não poderia imaginar, até ver diante de seus olhos uma cidade, com praças, parques, pessoas conversando e sorrindo, música alta tocando, enfim, tudo aquilo parecia um novo mundo e perfeito para ele.

Teria que conseguir ver o mundo na luz do dia, mas como era um Vampiro diferente este seu desejo foi alcançado com a força de sua vontade em seu pensamento.

Caminhando numa praça, ouviu um lindo som, uma música suave, em que cada vez mais caminhava adiante, aquela voz parecia mais perto. Então percebeu que era uma linda jovem, de vestido longo e florido, descalça, com um chapéu lilás, sentada tocando um violão e ao seu lado havia coisas que ela mesma fazia, era uma artesã. Ela era tão bela quanto as coisas que mesma fazia e logo começaram a conversar. Logo estavam juntos caminhando, conversando e se conhecendo, parecia que já se conheciam de muito tempo, algo os unia naquele momento como nada igual, sem explicação.

Ambos queriam ver o pôr-do-sol juntos, mas Benjamin sabia que isto não seria possível para ele e um pouco arriscado, ele era um vampiro e naquela terra não seria muito possível, de início, passar tanto tempo, considerava-se ainda um vampiro inesperiente nas artes vampirescas.

Benjamin explicou a Jessie que teria de ir, ela também mas combinaram em se ver outras vezes. Se despediram com um enorme abraço afetuoso num fim de tarde de outuno.

A família Holtz andava preocupada com Benjamin ter ficado longas horas trancado em seu quarto, sem imaginar que na verdade ele tinha estado nas últimas horas noutra cidade, noutro mundo, o qual ele desconhecia, acompanhado de uma bela garota e talentosa com sua música, aquilo era algo mágico para ele.

Benjamin e Jessie passaram a se encontrar sempre no mesmo lugar, ambos amavam a companhia um do outro, Benjamin estava feliz, porque sentia algo que não tinha como descrever: estava completamente apaixonado pela Jessie.

Numa das noites que Benjamin saía para voar e ver Jessie, chegou a espera-la no mesmo lugar de sempre aonde costumavam se encontrar, mas pela primeira vez, ela não estava lá. Isto deixou-o muito triste. Tentou muitas outras vezes e ela também nunca mais retornou ao lugar.

Triste e desiludido, depois de muitas e muitas vezes tentando vê-la, Benjamin decidiu voltar para seu quarto em seu castelo e fazer as mesmas atividades de sempre, as quais seu pai obrigava.

Numa certa noite, a família Holtz iria receber algumas outras famílias de Vampiros de outros lugares, alguns de castelos bem distantes. Seria na verdade uma Conferência especial que a família Holtz havia marcado, embora Benjamin sabendo disso, não se interessou nem um pouco em participar. Só conseguia pensar naquela linda garota branca como uma neve, de cabelos negros e olhos azuis como duas pedras preciosas, com a voz mais angelical, mais doce que jamais havia escutado.

Benjamin continuou em seu quarto, pintando como gostava de fazer maior parte do seu tempo, enquanto lá em baixo acontecia uma enorme festa. As pessoas riam, davam gargalhadas altas, pareciam felizes, outras bebiam ata cair, risos e mais risos, longas conversas e muita música, aliás uma grande festa. O barulho incomodava Benjamin, que cansado, tentava descansar um pouco em sua cama ou quem sabe tentar esquecer aquele mundo em sua voltar e cair num profundo sono.

Diante daquele barulho, de repente tudo parecia do nada mais calmo e silencioso, agora Benjamin poderia adormecer mais em paz. No entanto, ouviu aplausos e em seguida uma bela voz começou a cantar uma canção lírica a qual ele conhecia. Era uma linda voz, um canto suave e inesplicável, aquilo estava o deixando inquieto e entorpecido, era algo maravilhoso e lindo. Em seguida levantou-se da cama enbalado pela aquela voz e por sua canção, estava ficando cada vez mais próxima a cada passo em que Benjamin dava, era como mágica, como um sonho.

Benjamin abriu a porta de seu quarto e aquela voz continuava cada vez mais forte, mais lírica e mais vibrante, caminhando, cada vez mais perto para olhar de onde vinha aquela voz, olhou então próximo das escadas e com o coração saltitante a viu cantar, numa melodia doce e entorpecente, linda como um anjo, era a Jessie, não conseguia acreditar, aquilo era como um sonho mas o que tornava real era seu canto que o fazia acreditar que ela estava cada vez mais próxima dele.

Benjamin foi ao encontro de Jessie, que também ficou maravilhada em vê-lo e sem explicação, os seus pais pareciam felizes em ver seu único filho tão entusiasmado e tão alegre. Realmente, Benjamin estava muito feliz, era uma noite muito especial ao lado de Jessie e sua música, tudo parecia tão perfeito.

Na sacada do castelo, Jessie explicou seu sumiço a Benjamin. Tinha sido aprisionada por seus pais, quando soubera que ela saia às escondidas. Era o mesmo que Benjamin tentava fazer todas as noites, por sua sorte, não foi descoberto por seus pais mas que sentiu muito a falta de Jessie e tudo que queria era esta ao seu lado. Entre seus braços, Benjamin a beijou, ambos estavam felizes agora diante de todos, abraçados, numa noite aonde as estrelas brilhavam de uma forma mais especial e mais encantadora.

Benjamin e Jessie se casaram no castelo dos Holtz numa celebração ao estilo da família dos Vampiros, mas com uma nova sensação mais colorida e mais harmoniosa, amor tinha chegado bem vindo aquele castelo e agora tudo parecia mais harmonioso para todos.

Por muito tempo o castelo da família Holtz estava cinza e sem brilho, eles só se preocupavam em reuniões e mais reuniões de trabalho e com a chegada de Benjamin e Jessie, uma nova união surgiu, o comportamento dos Holtz mudou, deixando a frieza de lado e ficando mais adoráveis, até mesmo alguns deixando de lado a função de colher presas, como os vampiros de costume faziam e se dedicar mais a arte do amor. Amor, este rico sentimento que pode tornar a vida cada vez mais colorida, como música para alma, como o canto dos pássaros numa manhã chuvosa de domingo, como a canção que toca dentro do coração dos apaixonados e dentro daqueles que amam de alguma forma ou alguma coisa que o faz sentir crescer ou sentir que tudo pode um dia mudar e ficar melhor. O amor assim, acontece, só ele é capaz de transformar os ares da vida, podendo até que você nem saiba como ele surja mas aceite-o sua chegada, uma criação de um novo mundo diante de seus olhos e tornando os ambientes mais harmoniosos e com mais encanto.


(Joyce Martins)