Já estive questionando acerca do jovem e da cultura supérflua atual que ele abraça cada vez mais em seus dias. Consumo dos filmes da moda, a grife do momento, a música que toca nas novelas, o penteado da atriz famosa, enfim, referências baratas que são resultantes de uma mente a qual a maioria que não se força nem um pouquinho a pensar de forma mais acentuada e inteligente.
Quando visionamos obras como Avatar, o que logo se passa na cabeça de muitos é o fato de um filme rico em efeitos especiais, diretor famoso, muitas cores vibrantes, muita ação e ponto final. “Aqueles seres azuis esquisitos e pintados até parecem uma versão engraçada e futurista de Pocahontas”. Infelizmente, é o que já tenho escutado por aí. O mais triste de tudo é isso: A visão superficial que a maioria tem sobre a obra contemporânea mais bela do cinema.
O que enxergo em Avatar é o mesmo que vejo em "mundos de sonhos" em que muito dos clássicos mais conhecidos têm nos mostrado, tanto em suas obras literárias, quanto também em filmes. Mundos que fazem parte de nossa essência interior, bases primorosas do sonhar, mundos como Oz, País das Maravilhas, Terra do Nunca, até mesmo Nárnia, induz ao ser humano na magia da arte mais sensível do sonhar, do despertar a criança e o ser guerreiro que temos dentro de cada um de nós.
Mundos como Pandora nos faz sentir que o sonhar humano é algo essencial para dar realidade aos nossos principais anseios, tanto pessoal quanto coletivo. A luta entre os povos ‘azuis’ contra os destruidores da natureza, personagens de James Cameron, significam a nossa própria natureza em sociedade, do passado, presente e futuro. A xenofobia entre culturas diferentes, a vontade sanguinária do ser humano de mau caráter que tem em destruir o que vem pela frente, a injustiça e o desrespeito contra a natureza, as regras da sociedade em relação a participação de grupos, a importância da espiritualidade dos povos primitivos e cada vez mais ausente em mundos urbanos como o nosso, a simplicidade da vida na visão de povos que lutam por uma alternativa de sobrevivência saudável para a raça humana, os indígenas e todas suas terras invadidas, como também a indignante falta de compaixão e respeito por estes povos que, cada vez mais, são maltratados e desolados de seus maiores bens naturais.
Não podemos deixar de lado o personagem principal e toda sua importância. Jake Sully significa muito mais do que um guerreiro. É aquele ser humano que sonha de “olhos bem abertos”, ao contrário do que muitos podem interpretar sobre a sua “viagem futurista em busca a Pandora”. É aquela pessoa que guarda dentro de sua essência a força da imaginação, da luta, da quebra de barreiras, do poder unificador, que erra, mas transforma e assume o que faz. Existem muitos Jakes por aí que “lutam” por ideais e acabam não fazendo nada para que resultem boas coisas, passando assim para o lado negro da vida. Já por outro ângulo, existem os sonhadores, estes sim, são os que dão riqueza a mente da espécie humana e são os que valem a pena dar as mãos para que a força do coletivo humano progrida diante dos sonhos.
É possível sim aprender muito com Avatar e despertar o lado filosófico que temos dentro de cada um de nós. Aliás, só não reflete quem não quer diante de tudo que a vida nos proporciona. Mundos como estes são ferramentas ideais para tomarmos como referência para a arte do pensar e do raciocínio, contribuindo com certeza, para a construção de uma essência incessante cada vez mais distante do mal e da destruição. Algumas decisões da vida são muito mais valorosas através da sabedoria da emoção e não pelo simples fato do conhecimento da razão.
(Joyce Martins)
(Joyce Martins)