Sikita encolhida em seus braços nus
Formigava pensamentos em pranto,
Junta aos seus trapos e uma janela
Onde não se via muito bem o mundo,
Num calabouço, a morte passava toda
hora de perto,
E ela permanecia, forte, apesar das
dolorosas cicatrizes,
À espera de sua salvação,
Esta que cavalgava de longe e muito
breve,
Quase quando perdera sua fé,
Num cavalo alado apareceu, molhado
e alaranjado,
Invadindo montes, terras distintas
e areias movediças,
Era para ela, Sikita, a sua presa
esperada,
Dando-lhe a tão sonhada liberdade,
Longe das garras terríveis de
Muriat,
Levando-a distante do sufoco,
Aos campos e ao ar puro,
Sikita resplandeceu,
Diante do arco íris, ela
rejuvenesceu,
E todos os seres de uma virgem
floresta
cantaram em sua volta,
Ao som e vapor da água límpida,
Aos céus, aos esforços, à Lua que
chegava,
Como um gracioso Sabbat aos
encantamentos,
À luz de seu verdadeiro interior,
Dourando o chão em lírios,
E as nuvens e neve em brilhos de
lágrimas...
(Joyce Martins)