fevereiro 11, 2013

VINDE A MIM, SIKITA

Quando o inverno assolava,
Sikita encolhida em seus braços nus
Formigava pensamentos em pranto,
Junta aos seus trapos e uma janela
Onde não se via muito bem o mundo,
Num calabouço, a morte passava toda hora de perto,
E ela permanecia, forte, apesar das dolorosas cicatrizes,
À espera de sua salvação,
Esta que cavalgava de longe e muito breve,
Quase quando perdera sua fé,
Num cavalo alado apareceu, molhado e alaranjado,
Invadindo montes, terras distintas e areias movediças,
Era para ela, Sikita, a sua presa esperada,
Dando-lhe a tão sonhada liberdade,
Longe das garras terríveis de Muriat,
Levando-a distante do sufoco,
Aos campos e ao ar puro,
Sikita resplandeceu,
Diante do arco íris, ela rejuvenesceu, 
E todos os seres de uma virgem floresta
cantaram em sua volta,
Ao som e vapor da água límpida,
Aos céus, aos esforços, à Lua que chegava,
Como um gracioso Sabbat aos encantamentos,
À luz de seu verdadeiro interior,
Dourando o chão em lírios,
E as nuvens e neve em brilhos de lágrimas...

(Joyce Martins)