Molly não conseguia escrever em seu quarto. Como sempre fazia todas as manhãs, ela sentia que algo deveria ser colocado para fora. Tinha a necessidade de escrever, escrever e escrever, intensamente. Era como uma terapia, colocar para fora o que estava sentindo ou criar alguma estória para que pudesse se transportar à outra realidade. Havia sido mais uma vez castigada por sua madrasta e suas lágrimas caiam não mais sobre seu corpo e se sobre sua alma, tinha se tornado resistente a dor, apesar de tudo. A dor que sentia agora era uma dor existencial, que a fazia parar e pensar em desistir de tudo e não seguir mais a diante.
Certa noite, conversando com seu anjo, ele a incentivava para que não desistisse de tudo e que quando sentisse fraca, deveria fechar os olhos e acreditar que existe uma força dentro de si mesma a qual ainda não reconhecia mas que era capaz de tê-la e poder controlar tudo e estar bem, esta força era capaz de está perto dela , ao seu lado, era preciso acreditar e em si mesma!
O lar que Molly morava era muito problemático, um castelo perdido no meio de uma enorme floresta, sua madrasta mandava em tudo e molestava aos que não a obedecia, era uma mulher amarga e cruel, tinha se casado com o pai de Molly no passado, mas nunca o amou de verdade, somente havia conseguido roubar metade de sua fortuna. Era assim que a madrasta conseguia ficar cada vez mais rica e poderosa, roubando de nobres homens e os deixando em prantos e muito enlouquecidos, como no caso do pai de Molly, ele havia sido internado erroneamente como louco pela madrasta, na verdade, o que ela queria era livrar-se dele de alguma forma.
Molly tinha mais uma irmã, mas que não era de seu pai, embora morasse sob mesmo lar não conversavam ou menos dividiam os mesmos espaços. Sua madrasta a proibia de conversarem ou fazer qualquer coisa juntas.
As noites quando a madrasta estava cansada e adormecia numa enorme poltrona na varanda do Castelo, Rose e Molly iam juntas para uma passagem secreta próxima ao jardim, que ambas descobriram e ficavam lá juntas por horas, ouvindo músicas, lendo poesia ou dormindo, apenas tentando esta distante de tudo de ruim que viviam e da escravidão do castelo, aquela frieza tão agonizante que vivenciavam naquele lar.
Num dia de semana, sabendo de Molly e Rose estarem se comunicando, a madrasta enfurecida trancou Rose numa grande sala escura, onde usava como depósito, tomou suas roupas e bonecas e queimou seus discos e seus livros, ameaçando-a de manda-la para bem longe, num lugar onde jovens moças assim como ela eram levadas como loucas, na verdade não, apenas vítimas de pais e madrastas que não sabiam criar seus filhos e levavam a vida então na base da violência e do castigo, da falta do amor e da compreensão.
Sabendo disso, Molly que ficava trancada em seu quarto, recebendo sua refeição por debaixo da porta, estava triste e queria a companhia de Rose, mas não era possível está ao lado de sua irmã, ambas eram ameaçadas até de morte por sua madrasta louca e não queria que aquele ciclo de violência cada vez mais descontrolado aumentasse, já mais perturbador do que vivia por tanto tempo.
Molly não podia olhar as estrelas na noite e nem o nascer do sol pelas manhãs, sua janela havia sido trancada com enormes pregos, cada vez mais que olhava para aquela janela, tentava imaginar um mundo lá fora, o qual jamais conhecera antes, criar um mundo em sua mente cheio de harmonia e poder assim se livrar de todos os fantasmas da maldade que a envolvia neste castelo.
Molly passou todo seu tempo escrevendo em seu quarto ou quando não adormecia na companhia de sua gata Larissa, que sempre escapava por uma parte de seu telhado e vinha ao encontro dela, ficava na sua cama, enquanto deitava em seu travesseiro, deixando seus pensamentos fluírem como vaga-lumes que iluminam um espaço sideral, fazendo refletir aquela vida injusta e tão angustiante, pensando assim, adormecia em sua cama e sonhava com as estrelas no céu que só conseguira ver em sua mente.
Quando recebeu sua refeição matinal no dia seguinte, Molly estava sem fome mas olhando para a bandeja percebeu um pequeno papel e onde estava escrito: “Encontre-me a noite na Pedra Escura, próximo ao local secreto”. Era a letra de Rose, como tinha conseguido chegar aquele bilhete até seu quarto, não conseguia entender, mas percebeu que Rose planejava algo. A Pedra Escura era um lugar longe do jardim, próximo a passagem secreta onde ambas se encontravam e ficavam horas longe da vida cheia de tristeza e injustiça do Castelo.
A madrasta além de castigá-las, as proibiam de ouvirem suas músicas ou passar seu tempo fazendo coisas que pudessem deixa-las sorrindo. Parecia mesmo que aquele lugar cercado de grades, portões e um jardim enorme no meio de uma floresta, infelizmente a única coisa que era permitido entrar, segundo a Comandante daquele lar, era nada que pudesse fazer sorrir, nada que pudesse trazer alegria, somente a amargura e o militarismo rígido com as pessoas, abrindo portas a todos para a tristeza e a amargura, uma permissão à vida sem estima dentro de um mundo coberto de escuridão e melancolia.
Molly não entendia o que Rose estava planejando, mas aquilo a deixava um pouco assustada. De outras vezes tentaria fugir pelo jardim, mas tinha sido descoberta pelos guardas do Castelo, em favor da madrasta, reforçavam mais vez mais toda a volta para que ninguém pudesse escapar.
Quando a noite chegou, Molly trancada como de costume em seu quarto, conseguiu pensar em uma maneira como escapar sem que pudesse dar alguma pista ou quem do Castelo pudesse perceber.
Conseguiu então abrir os parafusos que trancava a porta do chão em seu quarto. Era um lugar que dava passagem a um depósito onde guardava as suas coisas mais preciosas: Seus brinquedos e seus livros. No entanto estavam difíceis de serem arrancados aqueles parafusos, tentara de tantos modos até consegui-los guia-los por uma força que a desconhecia, quanto mais sentia vontade de sair daquele lugar, algo tomou uma força desconhecida em sua mente e seu pensamento tornou toda sua vontade de poder ainda acreditar que era possível ter uma nova vida, assim os parafusos foram se abrindo e conseguindo cada vez mais arranca-los, tudo isto fazia Molly como que seu coração pudesse guiar para um novo caminho, para uma nova passagem a qual era poderia está bem.
Dentro daquele lugar escondido que parecia um depósito, aonde teria entrado algumas vezes para pegar alguns de seus livros, conheceu uma passagem que jamais vira antes. Com sua mochila nas costas, levava Larissa, sua gatinha e companheira e as coisas mais importantes e inseparáveis , não poderia levar tudo só o principal, mas aquilo não importava, o que mais queria era está livre; às vezes é preciso deixar para traz algo para poder recomeçar.
Molly rastejava naquela passagem onde parecia um túnel, estava sujo, mas conseguira deslizar sobre ele com uma certa dificuldade, era um pouco escuro e estreito, até que conseguira ver diante dos seus olhos uma luz, um pequeno foco de luz, poderia ser uma saída ou quem sabe, era próximo da Pedra Escura, poderia encontrar Rose e ambas seguirem juntas embora.
Mas o que parecera cada vez mais próximo, tudo era difícil poder rastejar até encontro daquela luz, mas sua força não deixava Molly parar de acreditar que aquilo seria um desafio para ela, não tinha que ter medo, deveria ir em frente, alcançar seus sonhos e fugir daquele lugar.
Estava mais próxima daquele foco de luz, até que o alcançou, quando olhou para cima, enormes parafusos giraram-se de acordo com toda sua vontade e seu pensamento guiava para que isto fosse feito. Teria colocado a cabeça por fora e o que sentira, era sua mão ao encontro de outra, sendo puxada cada vez mais para fora, como alguém que a deseja resgatar para colocá-la de volta ao Castelo ou alguém que pretendia ajuda-la a sair daquele túnel que percorrera, frio, escuro e tão asqueroso. A mão que a puxava e ao encontro da sua era uma mão amiga e por um instante teve medo, mas agora por fim olhar para cima e por toda sua volta, sentia aliviada e segura, era Rose do outro lado daquele túnel que mais parecia um poço e Molly estendia sua mão cada vez mais até assim sentirem juntas num grande abraço.
Ambas tinham conseguido sair daquele triste lugar e agora caminhavam no sentido de uma nova direção, entre gramas e bromélias de um novo jardim o qual elas desconheciam, mas estavam finalmente livres e seguindo um novo rumo, um novo caminho, recomeçar uma vida numa cidade a qual a desconhecia, mas que na plaquinha em letras grandes, viram se chamava: FELICIDADE.
Juntas correram ao mais longe aonde puderam conseguir e lá do lato de um monte vira Felicidade, uma cidade que seria agora por diante o novo lar de Rose e Molly. Bem distante e muito distante mesmo, entre as névoas, viram o Castelo da madrasta e fizeram promessas para esquecer para sempre daquele lugar que um dia as habitou no meio de tanta tristeza e desgosto.
Ambas jogavam rosas para o ar e com o desejo de prosperidade e felicidade, tudo se tornou colorido, mais feliz e mais belo, até mesmo o Castelo. Seguindo a diante juntas e em destino a sua nova casa, Felicidade, fez com que elas refletissem que devemos às vezes jogar para traz tudo que não nos faz bem e seguir em busca de sonhos e está em direção aos bons ares que nos possam proporciar a paz e o amor ao nosso redor, nunca devemos ter medo de tentar, só chegamos aonde queremos se tentar, portanto, o caminho está a nossa frente e levante a cabeça e siga sempre aos seus ideais, para o mais longe, para sempre, a um novo horizonte...
(Joyce Martins)
(Joyce Martins)