O rato acordou logo cedo e como de costume foi se exercitar em sua esteira rolante super moderna de última geração. Tinha ganho de presente de seu tio querido, outro ratinho que morava depois do oeste da cidade. Após o exercício, o ratinho tomava um bom banho e ia tomar seu café da manhã em sua mesinha de mármore com deliciosos pães, queijos, frutas, amêndoas, suco de amora e deliciosas geléias. Sentado, olhava o jornal e suspirava até dar um cochilo, saindo em seguida para sua fábrica de "Fazer Buraquinhos em Queijos".
Ele era dono de uma enorme fábrica e milhares de outros ratinhos trabalhavam felizes ao fazer buraquinhos em queijos. Eram buraquinhos de todos os tamanhos e formatos, até mesmo os mais diferentes. Os queijos mais vendidos eram com buraquinhos, com formato de estrelas e os tradicionais de bolinhas.
No outro lado da rua morava um gato, bem no meio do lixão. Todos os dias quando não tinha chuva, acordava, em busca de um alimento jogado fora, esvasiando uma lata ou outra, mais outra e mais outra. E no meio de tantas sempre achava algo para comer. Quando não estava satisfeito, saia pelas ruas em busca de algo a mais, alguma ajuda, mas nem todos eram agradáveis, os humanos não suportavam sua presença. Algumas senhoras o ajudavam as vezes, com comida ou um pouco de leite, aquelas madames com gatinhos limpos na coleira, bem que o poderiam adota-lo, mas o gato era desprezado, ninguém queria saber em criar um gato sujo e fedorento das ruas.
Num dia chuvoso, o gato estava encolhido e triste debaixo de um caixote de papelão, aonde morava no meio do lixão, viu de repente sua casinha sendo destruída pela chuva, ele correu depressa tentando erguer-la mas a chuva não deixava e a destruía mais ainda. Triste se escondeu dentro de uma lata de lixo e chorando esperou a chuva passar, até, adormecer.
O rato estava voltando naquele fim de tarde escura e chuvosa, dentro de sua confortável limosine, guiada por seu motorista, ia para sua casinha, se proteger de tantos raios e trovões que naquele instante parecia mais um filme de terror. Chegando em casa, tomou uma ducha morna e se aqueceu em seu pijama com pantufas importadas. Lendo um livro que estava em sua cabeceira, acabou adormecendo de cansado.
Sonhou que aquele mundo era realmente muito complicado. Refletiu que como poderia entender que ao mesmo tempo que estava confortável em seu lar, existiam outros seres que nem sequer tinha tudo aquilo, ou pior, nem mesmo um lar para morar. Tinha sonhado, tinha refletido. Embora na verdade o ratinho se importava com o mundo, com outros outros mas só conhecia seu mundo de riqueza, de sua casinha limpa e aconchegante.
No dia seguinte, o rato saiu sozinho em seu carro particular, o tempo ainda continuava fortemente chuvoso, passando em várias ruas pontes e estradas, decidiu ir visitar seu tio rato mais distante, mas de repente seu carro perdeu o controle, batendo e descontrolando-se cada vez mais até cair numa ribanceira. Aquele poderia ter sido o triste fim do ratinho, mas no entanto a limusine caiu macia num grande lixão, fazendo um maior estrondo e barulho de muitas e muitas latas. Naquele momento o gato assustou-se e correu para ver o que tinha acontecido e viu um ratinho ferido no chão. Seus olhos lagrimando com aquela triste situação correu para ajudar e tentar salvá-lo. Levou-o para debaixo de um caixote, era o único que tinha sobrado e o envolveu com um longo e velho cobertor. Amarrou-o em suas costas e foi correndo em grandes passos direito ao hospital mais próximo.
Por muita sorte o ratinho foi salvo e o gato sabendo da notícia chorou mas desta vez de felicidade. Ele tinha salvado uma vida. Isto era o que mais importava e o deixava muito feliz. O gato foi para sua humilde casinha de caixote no lixão. Dias e mais dias se passaram. Chegou a ir no mesmo hospital que havia deixado o ratinho, embora muitos davam divertas respostas, pois não queriam que aquele gato sujo e fedorento entrasse alí. Até que uma enfermeira mais simpática disse baixinho : "O ratinho está bem, ele já recebeu alta e já está em sua casa. Ele deixou isto aqui para você". Era um envelope lacrado. O gato assim voltou para sua casinha no lixão e abriu lá o envelope. O ratinho havia o convidado para que fosse em sua casa e queria muito agradecê-lo pela sua ajuda.
O gato ficou feliz mas não sabia como ir a casa do ratinho, afinal ele era rico e tinha vergonha pela sua aparência, era um gato rabugento de rua, ninguem queria ficar perto dele, pensava o gato, "ninguém vai se sentir agradável diante de mim".
Dias e mais dias se passaram e o ratinho recuperado dicou triste e preocupado por não ter recebido a visita daquele que o salvou naquele dia tão trágico. O gato resolveu caminhar em direção a várias e várias ruas em busca de ajuda e de comida como sempre fazia, até que viu lá adiante próximo à colina, uma casinha incrpivel! Era mesmo uma casinha fabulosa e nunca tinha visto algo tão bonito antes! Estava curioso demais e decidiu vê-la mais perto,quem sabe não teria alguem bondoso lá que pudesse ajudá-lo com uma simples tigela de leite ou um lugar aquecido para descansar suas costas.
Quando apertou a campanhia da casinha veio um simples ratinho atender. Era pequeno e vestia um lindo casaco de frio e estava com uma caneca de leite morno na mão. O gato parado o olhava e logo feliz sorria para ele, aquele mesmo ratinho que tinha ajudado e agora estava bem e bem mesmo, alí de frente dos seus olhos. O ratinho ficou sem saber quem ele era mas logo em seguida lembrou que aquele era o gato que tinha o salvado naquele dia tão triste e chuvoso. Mesmo ter estado quase desmaiado naquele dia mas lembrava perfeitamente da fisionomia de seu amigo felino.
Ambos se abraçaram e o gato até esqueceu o que iria fazer ali, tinha encontrado algo mais importante e de agora em diante estava abraçando seu amigo, que sorria profundamente com lágrimas nos olhos para ele, como o abraço mais emocionante entre amigos.
Este dia os amigos nunca mais esqueceram, foi o dia que o gato percebeu o ter ajudado aquele ratinho tinha mudado completamente sua vida apartir daí, ou mlhor, tinha ganho um amigo para toda a vida, este que era o melhor presente.E o ratinho então recolheu o gato em sua casinha e apartir daqui viveram juntos como os melhores amigos. Trabalhando juntos, vivendo juntos, ajudando um ao outro, crescendo juntos e sendo felizes juntos, na companhia um do outro.
A vida agora era mais bela tanto para o gato que tinha um novo lar e uma vida mais digna e para o ratinho que tinha uma nova companhia, um grande amigo em sua vida.
Os ares da vida se tornam mais belos, um novo sentido se abre, novas cores surgem e o céu fica mais brilhoso quando uma verdadeira amizade acontece ou quando estamos na companhia de criaturas tão significativas em nossas vidas.
A amizade é assim, nos faz caminhar tranqüilo de mãos dadas, mãos estas que ficam entrelaçadas aos nossos corações e dando um sentido mais delicioso à vida, cada vez mais, mais e mais profundo dentro de cada um dia nós!
(Joyce Martins)
(Joyce Martins)