julho 16, 2013

ACORDA-TE, DIVA

Não foi feita de carne, osso e sujeira,
Diferente das outras, só desce do salto
para descansar um pouco os pés mutilados
pela dor do fashionismo, pela luta laborativa
de seu dia-a-dia...

Uma certa garota pára e pensa:
- Será que serei a mais bela?
Já uma outra garota pensa:
- Será que ganharei na loteria?
Enquanto isto, aquela feita de carne, osso e sutileza,
Enfrenta tetos de vidros suados e venenos ao redor,
Mas com perguntas bem diferentes em seu interior:
- Onde serei eu mesma ou já estou ao passo deste desafio?
Breves memórias, consciente nunca vazio,
A mente gira, gira como um carrossel que sobe e desce,
E ela na sofreguidão dos pés cansados e mutilados pelo destino,
Abominada por sua dinâmica de inclusão,
Pela inveja daquelas que empurram sem pedir uma permissão,
Ergue-se e bate no próprio peito:
- Sou diva! Sou mulher! Porque não preciso das falsas aparências
para levantar-me do chão. E ser aquela que jamais quis ser.
Aquele molde que todos imponhem a construir falsas identidades.
E sim, serei o eu-interior o qual personifica a minha própria razão!

(Joyce Martins)