abril 21, 2013

A MOÇA DA JANELA

A moça da janela só pensa em casar,
Contempla aqueles que passam,
Vendedores de fruta, prostitutas, tocadores de cítaras
e crianças alheias...
Ela guarda um sonho no fundo do pote com areia,
- Um navegante de calças apertadas irá desposá-la!
Quando acorda, não está mais na janela,
É a Cruela que lambe seu rosto,
num bom dia sonolento...

A moça da janela só pensa em casar,
Contempla arbustos, dores, nuvens e azulejos de ninguém,
Não foca mais imagens do presente,
Nem por notas de cem!
Mas inveja a prostituta e a moça da venda com seus amantes
e ela sem ninguém...

Em seu semblante, guarda o gosto do beijo que nunca tocara-lhe os lábios
E contempla fogos de artifícios, quermesses e homens fardados.
No céu dos pensamentos, onde habita este corpo jovem de mulher,
Ela ainda quer, aflita, maldita, Anita!
De pés descascados e sujos da poeira de sua inocência,
Onde decência passou e nunca a ausência a tomou,
A moça da janela que só pensa em casar,
Atravessa as barreiras de seus sonhos e navegante
ao distrito daqueles que sonham, daqueles sem ninguém,
Através dos muros, arcos, mesodonte...

(Joyce Martins)