setembro 09, 2012

A INCRÍVEL CIDADE DOS BISCOITOS


Amanheceu em Villedalle, uma cidadezinha pobre onde muitos saiam para trabalhar longe, aliás, muitos que tinham condições de fazer isto, que não era o caso da família Mawlin.

Como todas as manhãs, senhor e senhora Mawlin saiam pelos campos gelados para trabalhar e lutar pela sobrevivência de sua humilde casinha. A família Mawlin era muito pobre e qualquer coisa poderia ser importante e necessário para eles.

Uma casinha de apenas dois cômodos abrigava a família Mawlin, junto aos seus quatro filhos ainda pequenos e uma filha mais velha, chamada Stefani, uma linda camponesa que estava desempregada e grávida de um nobre rapaz e havia fugido depois de saber que ela esperava um filho dele.

O casal Mawlin cuidava da plantação da maior parte do terreno de Villedalle que tinha como dono, Senhor Wills, um velho fazendeiro, amargo e durão feito pedra, que não pagava sequer nenhum tostão a seus empregados que trabalhavam exautivamente para ele durante todo o dia. O que todos deveriam receber em trocar era conseguir plantar algo e para colher, mas ultimamente os tempos em Villedalle não estavam fáceis, nem tudo que cultivavam era de bom proveito.

Assim, para ajudar nos custeios da casa, a senhora Mawlin fazia compotas de goiaba para serem vendidas de porta em porta. Este era o único meio de ajudar nas despesas, enquanto Sr. Mawlin ocupava todo seu tempo na agricultura, até mesmo seus filhos menores ajudavam a vender a compota de doces, saindo por muitas casas na região em busca de um trocado.

O filho mais novo do casal Mawlin, Gabriel, sempre saia bem cedinho e logo pegava as compotas numa cestinha e ia vender pela cidade. Ele era habilidoso, mesmo às vezes voltando para casa nem ter vendido nenhum daqueles potes de doce, ficava triste por sua família passar tantas dificuldades, mas não perdia o sorriso quando perambulava nas ruas em busca de alguém interessado em comprar. O sorriso estava sempre em seu rosto, todos notavam isto, era algo especial, realmente Gabriel era uma criança muito simpática e com algo muito extraordinário dentro de seu coração.

Noutra manhã, saindo como de costume para venda dos doces, Gabriel logo seguiu para a praça central de Villedalle e reuniu os potes no chão e sentou-se ao lado. Ele gostava de cantar e passava a maior parte do tempo cantando como um passairnho. Tinha voz de anjo e tão talentoso para um simples menino de 8 anos. Aquilo fazia chamar atenção das pessoas que passavam e paravam para ouvir aquele menino cantar como um pardal e talentoso em vender como gente grande. O mais brilhante de tudo isto era que as pessoas se interessavam em comprar as compotas e assim voltavam com um pote de doce para suas casas e Gabriel com seu gorrinho cheio de dinheiro e muitas moedinhas, suficientes para deixar sua mãe feliz e preparar mais compotas com mais entusiasmo.

Veio o verão e as pessoas caminhavam mais freqüente pelas ruas, os raios de sol cada vez mais bonitos iluminavam toda a cidade de Villedalle. Gabriel com sua freqüente jornada matinal, foi a praça central, sentou-se como de costume e começou a cantar como um pardal feliz, muitas e muitas canções, como sempre muitos paravam para admirá-lo, no entanto percebia que aos poucos as vendas de doces de goiaba estavam caindo, isto o deixava preocupado. As pessoas pareciam não demonstrar mais tanto interesse pelo doce, como uma novidade que surge nas lojas que todos buscam comprar e quando todos já tem, ninguém mais se interessava naquilo. Sempre na buscar de algo novo e exclusivo, assim são as pessoas, Gabriel pensou.

Pediu para que sua mãe então variasse o sabor de suas compotas e fizesse doces com outras frutas, ela tentou, embora aquela terra aonde moravam, o cultivo nem sempre era fértil, nem tudo dava certo, não seria possível ter muitas variedades de frutas, isto a deixou triste, mesmo assim, as quais que conseguia colher, fazia os doces e novas vendas surgiram, fracas e poucas como de costume, mas com a esperança de que um dia podesse melhorar.

A situação entre os Mawlin se agravou quando metade dos empregados da fazenda do Sr. Wills foram demitidos sem nenhum motivo e entre eles estava o pai de Gabriel. Desesperado, Sr. Mawlin tentava pensar numa forma de trabalhar e de ganhar dinheiro para salvar sua família do desespero.

Ele começou a trabalhar por conta própria, consertando eletrodomésticos de casa em casa, se oferecendo por toda e qualquer oferta que o desse, até mesmo por um prato de comida para levar para casa e alimentar seus filhos e sua mulher, ou seja, o pouco que o desse era o bastante, era necessário e precioso. Ele era habilidoso em consertos de objetos, enquanto seu filho tinha a habilidade da venda com doces na praça aonde sempre estava todos os dias, mesmo em tempos não tão aceitáveis.

A família Mawlin diante da situação financeira difícil que se passava, sentia-se triste e desesperada, a irmã Stefani tinha dado à luz a um lindo menininho e como não tinha condições de criar seu filho, o deu para uma rica madame dona de uma mansão próxima de Villedalle. A senhora lhe ofereceu que quando ela estivesse após o período de amamentação, vinhesse trabalhar na mansão dela e poder assim ver seu filho todos os dias. Nada mal para os Mawlin, que poderia ajudar na renda familiar e assim Stefani ver seu filho. No entanto isto não foi possível, a madame fugiu com o filho dela para uma cidade bem mais longe, a deixando em desespero e fazendo a ela, desesperada, pulasse dos montes mais altos de Villedalle sem ninguém pudesse impedir, deixando a família Mawlin num nível mais elevado de tristeza que o ser humano poderia ficar.

Eles desejavam ter uma vida feliz, mesmo com a trágica perda de Stefani, a vida tinha que continuar e proseguir na busca de um novo meio de vida o qual pudessem os levar a algo melhor, quem sabe acreditar que a felicidade poderia sim existir.

Morar em Villedale era uma forma de não ver a vida ter novos acontecimentos, nada lá evoluía, nem todos poderiam viajar, os que podiam ir longe eram poucos e se não tivesse condições teria que ficar lá, como se fosse para sempre, sem poder ver mais nada acontecer e lutar entre a mesmice por sua sobrevivência.

Como todas as noites, Gabriel ajoelhava-se perto de sua cama, a qual dividia com mais dois irmãos e assim orou para os céus e para sua irmã, havia visto seus pais chorando, descrentes da vida e desesperados com as dificuldades que passavam. Gabriel levantou suas mãozinhas aos céus e fez uma prece para que tudo aquilo de ruim deixasse de existir, para que tudo ficasse bem e que nada mais de mal pudesse acontecer. Enquanto orava tão profundamente, seus olhos se enchiam de lágrimas, quando de repente veio uma luz lá do céu, ele então fechou os olhos sem acreditar, mas era uma luz muito forte se aproximando para ele, brilhando em sua frente, em formato de estrela cadente e tinha cheio de rosas no ar. Estava lá a sua frente uma linda fadinha, não sabia que seu nome, mas ela sorriu para ele e disse em seu ouvido que não tivesse medo e que não chorasse, falava que tudo iria ficar bem e que nunca deixasse de acreditar, tudo iria ficar bem.

A fadinha deu sua mão e então Gabriel segurou-a bem forte, chegando juntos para dentro de uma grande luz, aquela mesma que agora fazia Gabriel ver algo que jamais tivesse enxergado antes.

Ambos chegaram a uma terra colorida, aonde as pessoas pareciam anões e tdo cheirava a doces, chocolates e bolo saindo do forno. Estava na Cidade dos Biscoitos, aonde todos viviam produzindo biscoitos dos mais diversos sabores. A enorme fábrica de biscoitos ficava bem no centro da cidade e o seu dono era um velhinho de mais de oitenta anos.Como não tinha herdeiros, ninguém mais cuidava da fábrica, somente ele, que apesar da idade, se sentia feliz e jovem como uma criança saudável.

Sua enorme fábrica gerava grande renda e toda venda dos biscoitos faziam ajudar a deixar a cidade cada vez mais bem cuidada e não faltar nada para ninguém. Gabriel estava impressionado, a cidade era um encanto, como nos contos de fadas, aquele cheiro de biscoitos saindo do forno o dava muita fome, foi quando o covidaram a comer deliciosos tipos dos mais exóticos os mais tradicionais. Além de comer, ele passeou por toda cidade de cavalo e conheceu muitos lugares,e ra uma cidadezinha pequena mas uma maravilha aonde pode ainda brincar em montanhas de acúçar, ver biscoitos de bonecos tornarem brinquedos e abraçar as crianças e brincar num enorme parque em brinquedos em formato de biscoitos, escorregadores e carrinhos comestíveis cada vez mais crocantes e deliciosos.Biscoitos de todos os tamanhos, cores, sabores, com granulados, com cobertura de chocolates, recheados, com mashmellon, com leite e aveia, com nozes, etc. Era um mundo encantado que Gabriel se deliciava e para uma criança ele não queria mesmo era acordar de toda aquele magia de sonho.

Todas as noites na Cidade dos Biscoitos, alguém fazia exposição de um novo tipo de receita ou feira com os mais deliciosos biscoitos com os mais incríveis sabores. Ninguém precisava pagar para comê-los, ninguém podia mais do que os outros, o senso de igualdade povoava entre os habitantes da Cidade dos Biscoitos, todos pareciam absolutamente felizes e em comunhão uns com os outros.

Gabriel provou um biscoito caseiro de uma senhora, recheado de doce de goiaba, aquilo o fez lembrar de sua mãe e toda sua família que passava dificuldade e sentiu-se emocionado, pensou que como seria bom morar num lugar aonde poderia comer e não ter problemas financeiros e ser feliz. A felicidade deveria ser para todos e a desigualdade entre povos não deveria existir, todos tem os mesmos direitos. Para que viver num mundo com tantas desigualdades? Isto não é necessário, o mais importante é ser feliz e deixar que os outros serem felizes também podendo ser e alcançar os mesmos objetivos, era assim o pensamento vivo na maravilhosa Cidade dos Biscoitos.

Ele estava sonhando e sonhou alto, sonhou tanto que perdeu a hora de poder chegar cedo na praça central e vender os doces de sua mãe. A Cidade dos Biscoitos era só um sonho, quando acordou e percebeu que estava em seu humilde quarto de sua pobre casinha, ficou triste, queria que aquilo não pudesse ter sido somente um sonho, mas não tinha tempo para parar de pensar, o tempo agora era correr para vender os doces na praça de Villedalle. Contou o sonho a sua mãe quando chegou, mas ela não deu ouvidos, não acreditava naquilo muito menos em sonhos, estava aflita e sua esperança parecia mais não existir dentro de sua alma cada vez mais amargurada.

As noites eram esperadas e Gabriel passava horas orando e acreditando em ver novamente a fadinha, fazendo uma prece para ela para que seu pedido fosse realizado.

Dias se passaram e numa certa manhã, seu pai que tinha o costume de cair cedo para consertar eletrodomésticos para juntar trocados, voltou mais cedo para casa e sorrindo com um papel na mão.

Tinha recebido uma proposta de trabalho, uma nova oportunidade, sendo noutra cidade mais distante, estava muito, mais muito feliz. Sua mãe sem acreditar e com lágrimas nos olhos o abraçou, felizes. Fazia muito tempo que não sorriam de alegria e agora sim estavam repletos de esperança em acreditar que esta era a chance de que tudo poderia mudar.

Pena que Gabriel não estava em casa para saber da grande notícia, estava na praça vendendo compotas de doces, como sempre fazia, mesmo em dias de sol, em dias chuvosos, estava sempre lá, mas, no entanto sua fé em acreditar que um dia tudo poderia melhorar nunca deixou de existir.

Quando chegou em casa, Gabriel viu sua família arrumando tudo como e fosse se mudar. Ficou assustado, mas quando soube da notícia, ficou muito, muito feliz! Teria que sair de Villedalle e tentar uma nova vida mais confortável, era o que Gabriel mais queria e o que toda sua família também.

Os Mawlin viajaram para uma nova cidade um pouco mais distante, perto de onde jamais teriam visto. Viram um mundo que jamais conheciam, um mundo novo cheio de doces, biscoitos e chocolates, um mundo colorido aonde a igualdade entre todos era lei, um mundo maravilhoso o qual Gabriel tinha sonhado, aonde todos deveriam ter as mesmas coisas e deixar os problemas de lado e não deixar que eles aconteçam, um mundo coloridos aonde os biscoitos de diversas formas, sabores e tamanhos davam a essência para que todos pudessem acreditar que a arte de criar e acreditar é possível sim ser feliz.

Numa nova casinha, a mãe de Gabriel agora fazia biscoitos com os mais variados recheios, já o Sr. Mawlin trabalhava numa grande fábrica concertando máquina e embalando biscoitos para serem vendidos por várias partes do mundo. A Srª. Mawlin havia inventado novos sabores de biscoitos algo que tinha lhe feito render uma nova oportunidade de trabalho. Agora as crianças estudavam e Gabriel poderia ficar despreocupado e voltar à escola, a qual pode fazer novos amiguinhos, crianças da mesma idade que ele, crianças com mesmos sonhos que ele.

Vendo o bom desempenho de seu pai, Sr. Mawlin conseguiu um cargo melhor dentro da fábrica e todos puderam ter uma casa mais bonita e mais digna como sempre sonharam.

Tudo agora se tornava numa nova essência de vida, bem mais agradável e mais tranqüila, a vida para os Mawlin começou a tornar-se feliz e mais prazerosa com ajuda de seus esforços e de acreditar que devemos um dia mudar nosso espaço se queremos alcançar nossos sonhos.

Devemos acreditar sempre em nossos sonhos, ter sempre a fé e a esperança neles, devemos lutar e nunca deixar de acreditar em nós mesmos no que somos capazes, só nós mesmos com ajuda de nossa estrelinha protetora podemos tornar a vida cada vez mais recheada de coisas boas, quem sabe como construindo um mundo novo mais colorido e mais mágico, como sonhar, sempre, numa incrível Cidade dos Biscoitos!


(Joyce Martins)