Amanheceu em Villedalle, uma cidadezinha pobre onde muitos
saiam para trabalhar longe, aliás, muitos que tinham condições de fazer isto,
que não era o caso da família Mawlin.
Como todas as manhãs, senhor e senhora Mawlin saiam pelos
campos gelados para trabalhar e lutar pela sobrevivência de sua humilde
casinha. A família Mawlin era muito pobre e qualquer coisa poderia ser
importante e necessário para eles.
Uma casinha de apenas dois cômodos abrigava a família
Mawlin, junto aos seus quatro filhos ainda pequenos e uma filha mais velha,
chamada Stefani, uma linda camponesa que estava desempregada e grávida de um
nobre rapaz e havia fugido depois de saber que ela esperava um filho dele.
O casal Mawlin cuidava da plantação da maior parte do terreno
de Villedalle que tinha como dono, Senhor Wills, um velho fazendeiro, amargo e
durão feito pedra, que não pagava sequer nenhum tostão a seus empregados que
trabalhavam exautivamente para ele durante todo o dia. O que todos deveriam
receber em trocar era conseguir plantar algo e para colher, mas ultimamente os
tempos em Villedalle não estavam fáceis, nem tudo que cultivavam era de bom
proveito.
Assim, para ajudar nos custeios da casa, a senhora Mawlin
fazia compotas de goiaba para serem vendidas de porta em porta. Este era o
único meio de ajudar nas despesas, enquanto Sr. Mawlin ocupava todo seu tempo
na agricultura, até mesmo seus filhos menores ajudavam a vender a compota de
doces, saindo por muitas casas na região em busca de um trocado.
O filho mais novo do casal Mawlin, Gabriel, sempre saia bem
cedinho e logo pegava as compotas numa cestinha e ia vender pela cidade. Ele
era habilidoso, mesmo às vezes voltando para casa nem ter vendido nenhum
daqueles potes de doce, ficava triste por sua família passar tantas
dificuldades, mas não perdia o sorriso quando perambulava nas ruas em busca de
alguém interessado em comprar. O sorriso estava sempre em seu rosto, todos
notavam isto, era algo especial, realmente Gabriel era uma criança muito
simpática e com algo muito extraordinário dentro de seu coração.
Noutra manhã, saindo como de costume para venda dos doces,
Gabriel logo seguiu para a praça central de Villedalle e reuniu os potes no
chão e sentou-se ao lado. Ele gostava de cantar e passava a maior parte do
tempo cantando como um passairnho. Tinha voz de anjo e tão talentoso para um
simples menino de 8 anos. Aquilo fazia chamar atenção das pessoas que passavam
e paravam para ouvir aquele menino cantar como um pardal e talentoso em vender
como gente grande. O mais brilhante de tudo isto era que as pessoas se
interessavam em comprar as compotas e assim voltavam com um pote de doce para
suas casas e Gabriel com seu gorrinho cheio de dinheiro e muitas moedinhas,
suficientes para deixar sua mãe feliz e preparar mais compotas com mais
entusiasmo.
Veio o verão e as pessoas caminhavam mais freqüente pelas
ruas, os raios de sol cada vez mais bonitos iluminavam toda a cidade de
Villedalle. Gabriel com sua freqüente jornada matinal, foi a praça central,
sentou-se como de costume e começou a cantar como um pardal feliz, muitas e
muitas canções, como sempre muitos paravam para admirá-lo, no entanto percebia
que aos poucos as vendas de doces de goiaba estavam caindo, isto o deixava
preocupado. As pessoas pareciam não demonstrar mais tanto interesse pelo doce,
como uma novidade que surge nas lojas que todos buscam comprar e quando todos
já tem, ninguém mais se interessava naquilo. Sempre na buscar de algo novo e
exclusivo, assim são as pessoas, Gabriel pensou.
Pediu para que sua mãe então variasse o sabor de suas
compotas e fizesse doces com outras frutas, ela tentou, embora aquela terra
aonde moravam, o cultivo nem sempre era fértil, nem tudo dava certo, não seria
possível ter muitas variedades de frutas, isto a deixou triste, mesmo assim, as
quais que conseguia colher, fazia os doces e novas vendas surgiram, fracas e
poucas como de costume, mas com a esperança de que um dia podesse melhorar.
A situação entre os Mawlin se agravou quando metade dos
empregados da fazenda do Sr. Wills foram demitidos sem nenhum motivo e entre
eles estava o pai de Gabriel. Desesperado, Sr. Mawlin tentava pensar numa forma
de trabalhar e de ganhar dinheiro para salvar sua família do desespero.
Ele começou a trabalhar por conta própria, consertando
eletrodomésticos de casa em casa, se oferecendo por toda e qualquer oferta que
o desse, até mesmo por um prato de comida para levar para casa e alimentar seus
filhos e sua mulher, ou seja, o pouco que o desse era o bastante, era
necessário e precioso. Ele era habilidoso em consertos de objetos, enquanto seu
filho tinha a habilidade da venda com doces na praça aonde sempre estava todos
os dias, mesmo em tempos não tão aceitáveis.
A família Mawlin diante da situação financeira difícil que
se passava, sentia-se triste e desesperada, a irmã Stefani tinha dado à luz a
um lindo menininho e como não tinha condições de criar seu filho, o deu para
uma rica madame dona de uma mansão próxima de Villedalle. A senhora lhe
ofereceu que quando ela estivesse após o período de amamentação, vinhesse
trabalhar na mansão dela e poder assim ver seu filho todos os dias. Nada mal
para os Mawlin, que poderia ajudar na renda familiar e assim Stefani ver seu
filho. No entanto isto não foi possível, a madame fugiu com o filho dela para
uma cidade bem mais longe, a deixando em desespero e fazendo a ela,
desesperada, pulasse dos montes mais altos de Villedalle sem ninguém pudesse
impedir, deixando a família Mawlin num nível mais elevado de tristeza que o ser
humano poderia ficar.
Eles desejavam ter uma vida feliz, mesmo com a trágica perda
de Stefani, a vida tinha que continuar e proseguir na busca de um novo meio de
vida o qual pudessem os levar a algo melhor, quem sabe acreditar que a
felicidade poderia sim existir.
Morar em Villedale era uma forma de não ver a vida ter novos
acontecimentos, nada lá evoluía, nem todos poderiam viajar, os que podiam ir
longe eram poucos e se não tivesse condições teria que ficar lá, como se fosse
para sempre, sem poder ver mais nada acontecer e lutar entre a mesmice por sua
sobrevivência.
Como todas as noites, Gabriel ajoelhava-se perto de sua
cama, a qual dividia com mais dois irmãos e assim orou para os céus e para sua
irmã, havia visto seus pais chorando, descrentes da vida e desesperados com as
dificuldades que passavam. Gabriel levantou suas mãozinhas aos céus e fez uma
prece para que tudo aquilo de ruim deixasse de existir, para que tudo ficasse
bem e que nada mais de mal pudesse acontecer. Enquanto orava tão profundamente,
seus olhos se enchiam de lágrimas, quando de repente veio uma luz lá do céu,
ele então fechou os olhos sem acreditar, mas era uma luz muito forte se
aproximando para ele, brilhando em sua frente, em formato de estrela cadente e
tinha cheio de rosas no ar. Estava lá a sua frente uma linda fadinha, não sabia
que seu nome, mas ela sorriu para ele e disse em seu ouvido que não tivesse
medo e que não chorasse, falava que tudo iria ficar bem e que nunca deixasse de
acreditar, tudo iria ficar bem.
A fadinha deu sua mão e então Gabriel segurou-a bem forte,
chegando juntos para dentro de uma grande luz, aquela mesma que agora fazia
Gabriel ver algo que jamais tivesse enxergado antes.
Ambos chegaram a uma terra colorida, aonde as pessoas
pareciam anões e tdo cheirava a doces, chocolates e bolo saindo do forno.
Estava na Cidade dos Biscoitos, aonde todos viviam produzindo biscoitos dos
mais diversos sabores. A enorme fábrica de biscoitos ficava bem no centro da
cidade e o seu dono era um velhinho de mais de oitenta anos.Como não tinha
herdeiros, ninguém mais cuidava da fábrica, somente ele, que apesar da idade,
se sentia feliz e jovem como uma criança saudável.
Sua enorme fábrica gerava grande renda e toda venda dos
biscoitos faziam ajudar a deixar a cidade cada vez mais bem cuidada e não
faltar nada para ninguém. Gabriel estava impressionado, a cidade era um
encanto, como nos contos de fadas, aquele cheiro de biscoitos saindo do forno o
dava muita fome, foi quando o covidaram a comer deliciosos tipos dos mais
exóticos os mais tradicionais. Além de comer, ele passeou por toda cidade de
cavalo e conheceu muitos lugares,e ra uma cidadezinha pequena mas uma maravilha
aonde pode ainda brincar em montanhas de acúçar, ver biscoitos de bonecos
tornarem brinquedos e abraçar as crianças e brincar num enorme parque em
brinquedos em formato de biscoitos, escorregadores e carrinhos comestíveis cada
vez mais crocantes e deliciosos.Biscoitos de todos os tamanhos, cores, sabores,
com granulados, com cobertura de chocolates, recheados, com mashmellon, com
leite e aveia, com nozes, etc. Era um mundo encantado que Gabriel se deliciava
e para uma criança ele não queria mesmo era acordar de toda aquele magia de
sonho.
Todas as noites na Cidade dos Biscoitos, alguém fazia
exposição de um novo tipo de receita ou feira com os mais deliciosos biscoitos
com os mais incríveis sabores. Ninguém precisava pagar para comê-los, ninguém
podia mais do que os outros, o senso de igualdade povoava entre os habitantes da
Cidade dos Biscoitos, todos pareciam absolutamente felizes e em comunhão uns
com os outros.
Gabriel provou um biscoito caseiro de uma senhora, recheado
de doce de goiaba, aquilo o fez lembrar de sua mãe e toda sua família que
passava dificuldade e sentiu-se emocionado, pensou que como seria bom morar num
lugar aonde poderia comer e não ter problemas financeiros e ser feliz. A
felicidade deveria ser para todos e a desigualdade entre povos não deveria
existir, todos tem os mesmos direitos. Para que viver num mundo com tantas
desigualdades? Isto não é necessário, o mais importante é ser feliz e deixar
que os outros serem felizes também podendo ser e alcançar os mesmos objetivos,
era assim o pensamento vivo na maravilhosa Cidade dos Biscoitos.
Ele estava sonhando e sonhou alto, sonhou tanto que perdeu a
hora de poder chegar cedo na praça central e vender os doces de sua mãe. A
Cidade dos Biscoitos era só um sonho, quando acordou e percebeu que estava em
seu humilde quarto de sua pobre casinha, ficou triste, queria que aquilo não
pudesse ter sido somente um sonho, mas não tinha tempo para parar de pensar, o
tempo agora era correr para vender os doces na praça de Villedalle. Contou o
sonho a sua mãe quando chegou, mas ela não deu ouvidos, não acreditava naquilo
muito menos em sonhos, estava aflita e sua esperança parecia mais não existir
dentro de sua alma cada vez mais amargurada.
As noites eram esperadas e Gabriel passava horas orando e
acreditando em ver novamente a fadinha, fazendo uma prece para ela para que seu
pedido fosse realizado.
Dias se passaram e numa certa manhã, seu pai que tinha o
costume de cair cedo para consertar eletrodomésticos para juntar trocados,
voltou mais cedo para casa e sorrindo com um papel na mão.
Tinha recebido uma proposta de trabalho, uma nova
oportunidade, sendo noutra cidade mais distante, estava muito, mais muito
feliz. Sua mãe sem acreditar e com lágrimas nos olhos o abraçou, felizes. Fazia
muito tempo que não sorriam de alegria e agora sim estavam repletos de
esperança em acreditar que esta era a chance de que tudo poderia mudar.
Pena que Gabriel não estava em casa para saber da grande
notícia, estava na praça vendendo compotas de doces, como sempre fazia, mesmo
em dias de sol, em dias chuvosos, estava sempre lá, mas, no entanto sua fé em
acreditar que um dia tudo poderia melhorar nunca deixou de existir.
Quando chegou em casa, Gabriel viu sua família arrumando
tudo como e fosse se mudar. Ficou assustado, mas quando soube da notícia, ficou
muito, muito feliz! Teria que sair de Villedalle e tentar uma nova vida mais
confortável, era o que Gabriel mais queria e o que toda sua família também.
Os Mawlin viajaram para uma nova cidade um pouco mais
distante, perto de onde jamais teriam visto. Viram um mundo que jamais
conheciam, um mundo novo cheio de doces, biscoitos e chocolates, um mundo
colorido aonde a igualdade entre todos era lei, um mundo maravilhoso o qual
Gabriel tinha sonhado, aonde todos deveriam ter as mesmas coisas e deixar os
problemas de lado e não deixar que eles aconteçam, um mundo coloridos aonde os
biscoitos de diversas formas, sabores e tamanhos davam a essência para que
todos pudessem acreditar que a arte de criar e acreditar é possível sim ser
feliz.
Numa nova casinha, a mãe de Gabriel agora fazia biscoitos
com os mais variados recheios, já o Sr. Mawlin trabalhava numa grande fábrica
concertando máquina e embalando biscoitos para serem vendidos por várias partes
do mundo. A Srª. Mawlin havia inventado novos sabores de biscoitos algo que
tinha lhe feito render uma nova oportunidade de trabalho. Agora as crianças
estudavam e Gabriel poderia ficar despreocupado e voltar à escola, a qual pode
fazer novos amiguinhos, crianças da mesma idade que ele, crianças com mesmos
sonhos que ele.
Vendo o bom desempenho de seu pai, Sr. Mawlin conseguiu um
cargo melhor dentro da fábrica e todos puderam ter uma casa mais bonita e mais
digna como sempre sonharam.
Tudo agora se tornava numa nova essência de vida, bem mais
agradável e mais tranqüila, a vida para os Mawlin começou a tornar-se feliz e
mais prazerosa com ajuda de seus esforços e de acreditar que devemos um dia
mudar nosso espaço se queremos alcançar nossos sonhos.
Devemos acreditar sempre em nossos sonhos, ter sempre a fé e
a esperança neles, devemos lutar e nunca deixar de acreditar em nós mesmos no
que somos capazes, só nós mesmos com ajuda de nossa estrelinha protetora
podemos tornar a vida cada vez mais recheada de coisas boas, quem sabe como
construindo um mundo novo mais colorido e mais mágico, como sonhar, sempre,
numa incrível Cidade dos Biscoitos!