Rafaela é uma adolescente normal como qualquer outra de sua idade. Gosta de sair com os amigos, estuda numa boa escola, acorda tarde nos fins de semana, filha de pais separados, mora com a mãe que dar o maior carinho e tem uma irmã mais velha que cursa faculdade de engenharia.
A diferença entre todas as adolescentes de sua idade é que Rafaela é mãe de gêmeos, fruto de seu primeiro e único relacionamento com um drogado e atual morador de rua. Já foi espancada, ameaçada e violentada de diversas formas e jamais procurou ajuda, sob o medo de ser pega e perder a sua própria vida e de sua família. Até o dia que seus filhos nasceram. Nunca mais se viu seu ‘namorado’, nem notícia de sua existência. Um alívio assim em sua vida, mesmo tendo que se mudar de casa para um lugar mais longe com sua mãe, por proteção.
Mãe e adolescente, Rafaela no entanto, passa a vida como se o quesito ‘obrigação’ com suas próprias crianças não existisse. Procura namorar outros rapazes, não valoriza a escola, abandona os amigos e quer sempre a todo tempo está em baladas, festas e ‘curtições’. A vida é uma tremenda festa para ela e o conceito de responsabilidade ainda não atingiu em êxito ao seus ouvidos.
Onde está a mãe de Rafaela neste momento, quando a filha passa mais um dia em festas e não se ocupa em cuidar de seus gêmeos? Ela está cuidando das crianças, como fossem dela própria. A mãe de Rafaela nunca conversou com a filha sobre assuntos de responsabilidade, porque segundo ela ‘também engravidou logo cedo, portanto, o que Rafaela passa, é o que ela mesma um dia passou, em semelhança, então considera tal fato, "normal".
A vida não deve ser caminhada à esta maneira. Responsabilidade é dever de casa de qualquer pessoa, independente de quem quer que você seja. Rafaela tem uma mãe que nunca a orientou e que nunca foi orientada e é de obrigação que os filhos tenham pelo menos um pouco de orientação para seguir vida. Não se pode colocar filhos no mundo, como quem muda de canal de televisão a toda hora com um controle remoto. Não se pode colocar filhos no mundo, enquanto não se tem experiência, atitude de ‘gente grande’ e de ser humano com ‘a cabeça no lugar’.
Tempos e mais tempos passam e o mundo cada vez mais está presente de muitas e muitas Rafaelas. E também de mães como a dela. Pessoas que não pensam que crianças são fonte de total dedicação e responsabilidade. Que elas precisam comer, dormir, hora do banho, remédio para quando estiverem doentes, enfim, que é mais um ser a dividir em seu espaço e este ser precisa, assim como nós e até um pouco mais, de cuidados necessários e acima de tudo - de AMOR!
É por isto que a adoção talvez seja a alternativa mais preciosa para casos como estes - Que adianta ‘fazer filhos’ e não criá-los ? A todo dia, adolescentes iniciam sua vida sexual cada vez mais cedo (em muitas vezes sem saber com quem está lidando) e não estão preparadas para a vida - Logo se vêem como mães num piscar de olhos!
Existem muitos casais em todo mundo na fila de espera para adoção e que é cada vez mais difícil, assim como muitas mulheres nesta vida desejam ter um filho, lutam anos e anos para engravidar e não conseguem. Se pudéssemos doar todas as crianças de adolescentes irresponsáveis a estes casais que suplicam por uma nova vida em seus lares (considerando aos que têm todas as condições psico-sociais para criá-las), não seria uma opção mais feliz para tudo isto?
(Joyce Martins)
(Joyce Martins)