maio 08, 2011

SONHOS E IMAGINAÇÃO

Não existe algo mais bonito do que acordar sentindo o raio de sol invadindo lentamente o quarto. Não existe algo tão mais valioso do que sentir a companhia de uma visão florida, na janela próxima a cama. Lizzy observava seu lindo jardim de girassóis, os quais seu príncipe tinha plantado ao seu gosto, com carinho e isto a fazia sentir viver no paraíso.

Um barulho na sua porta, era de alguém que insistia que ela acordasse. Preguiçosa, não queria acordar. Estava numa visão maravilhosa de seu sonho, poderia ficar nele para sempre. Fechava mais os olhos, mas o que conseguia era apenas ouvir o barulho da sua porta. Infelizmente, a imagem daquele sonho foi indo embora, restando apenas um desejo, com certa melancolia, no coração daquela garota – um desejo de que aquele sonho fosse verdadeiro.

Mais um dia de escola e Lizzy tinha que se levantar cedo, era semana das últimas provas do ano. O que lhe preocupava não era o que tinha que estudar, suas notas eram altas, sempre estava com as melhores médias, até mesmo em matemática, que odiava, mesmo assim se via esforçando-se para que pudesse também se livrar das provas finais ou alguma eventualidade desagradável. A preocupação de todos nesta época era de conseguir passar de ano e enfrentar o terrível monstro abominável, chamado vestibular.

A mãe de Lizzy a cuidava sozinha e sempre teve o sonho de que sua filha cursasse Medicina. Não conseguia compreender por que pais e mães transferiam tanto seus desejos não-realizados para que os filhos os exercer, na maioria sem a mínima vontade. Para Lizzy, no entanto, sua mãe já havia compreendido que ela queria mesmo era cursar Relações Internacionais, porque sonhava em ganhar o mundo numa carreira promissora que pudesse conhecer muitos lugares. Muitos de seus amigos haviam escolhido o que pretendiam fazer, muitos outros aceitando a própria escolha de seus pais, outros e mais outros não se decidindo em nada e procurando algum emprego de qualquer tarefa para custear a própria vida adulta que se iniciava. Ela sabia o que queria, mas tinha a convicção que era impossível aos dezessete anos decidir-se num futuro para sua vida, com apenas um “x” marcado num formulário. Deveria existir algo muito mais importante do que isto, algo que pudesse dar mais sentido e caminhada. O caminho da vida não seria apenas trabalhar para pagar as contas, não adiantava fazer algo que não gostasse, seria desperdício total de tempo. Tudo deveria ser feito à escolha do coração, se não gostasse portanto, seguia um lema que tinha dentro de si: “Largue tudo desde já e recomece sempre que for preciso, livre-se de problemas!”. Isto era o que sempre mentalizava em sua cabeça.

Anos se passaram e Lizzy continuava com mesmo pensamento. Trabalho era alicerce para a vida, mas não significava tudo. Havia conseguido se permanecer bem em sua profissão, mas nem sempre tinha sido assim. Lizzy passou por muitos esforços, trabalhos desgastantes e humilhantes, pediu demissão e foi demitida, foi até mesmo garçonete e serviu café em empresas para pagar seu aluguel.

Demorou chegar aonde queria, mas havia conseguido e agora estava feliz mesmo com o pouco que tinha alcançado. Porém, um problema a incomodava e sentia que deveria resolvê-lo: Queria colocar para fora o que estava sentindo por um alguém que havia se apaixonado. Marcou um jantar com Daniel na sua casa. Tudo maravilhoso, à luz de velas, assim como gostavam. Lizzy cozinhava para Daniel o que ele mais lhe dava prazer e ambos tomavam vinho, conversando na varanda juntos até altas horas da noite.

Lizzy era amiga de Daniel a quase dois anos e agora se via perdidamente apaixonada por ele. No momento em que se viu corajosa em declarar-se tudo que o seu coração gostaria de falar, Daniel se mostrou empolgado em também lhe falar algo importante. Aquilo mecheu o coração de Lizzy. Ela já havia sonhado tantas vezes ficar ao lado dele, cuidar de seu amor e fazê-lo o homem mais feliz do mundo.

Com tanto entusiasmo, Lizzy acabou criando coragem e contando tudo que sentia a Daniel. Um beijo surgiu, mas não correspondido. Ele a falou que já estava de compromisso com outra garota e sua família pensava em que eles pudessem se casar, era uma garota de uma família próxima. Ótima hora para revelar isto a Lizzy, a fazendo em seguida, sentir seu mundo totalmente despedaçado.

Foi então que sentiu seu coração explodir em pedaços e o erro cometido: se apaixonar por seu melhor amigo. Até o momento, Daniel tinha sido a pessoa mais confiável e importante de sua vida, contando com ele para todos os momentos, até mesmo quando acordava chorando altas horas da noite, Daniel a fazia adormecer e a acalmava desta forma, tão sublime como estivesse sentindo seus doces lábios sobre os seus, na companhia da noite fria e escura de seu quarto.

Com o tempo passado, Daniel não visitou mais Lizzy com tanta freqüência, assim como fazia antes, depois da notícia que dera para ela, a deixando muito triste. Ele ainda ligava para Lizzy mas sempre com meias palavras. Daniel tinha se tornado um homem frio, indiferente e arrogante, a tratando mal às vezes e evitando possíveis encontros com Lizzy. Ela sentia que havia perdido seu melhor amigo, ele tinha sido uma pessoa excepcional para ela em muitos momentos e que agora não dava mais a mínima importância para nada que construíram juntos, sentindo que não era mais importante ser uma amiga para ele.

A medida que o tempo foi passando, Lizzy e Daniel conversavam cada vez menos, ela ainda sentia que gostava dele, ainda ficava na espera de poder vê-lo, mesmo sabendo que o pensamento de Daniel não estava nela, percebera  o que ele apenas queria, diversão e sexo.

Ela seguiu com seus pensamentos, tentando curar-se de tudo e das mágoas e foi tentando, mesmo com dificuldade, apagar de vez esta história que só a fazia desgastar-se e deixa-la cada vez mais sofrida e magoada. Queria procurar saber de alguém que se importasse de verdade com ela, que fosse um amigo e ao mesmo tempo um amor recíproco, que esta reciprocidade e o respeito existisse, independente de qual fosse o sentimento. Só queria mesmo sentir isto: ser amada de verdade, de maneira simples, sem tantos esforços e exigências.

Quando surgiu uma oportunidade de trabalho temporário fora do país, Lizzy não pensou duas vezes. Deixou para trás suas lembranças, saudades e pensamentos, arrumou as malas e foi a destino a um lugar que jamais conhecera antes.

No meio de uma vista tão magnífica e de ares tão preciosos, ela conheceu Julian e a fez votos de amor e sinceridade com todo romantismo. Lizzy trabalhava e vivia em novos ares, próxima de alguém que estava preenchendo seu coração, que antes havia se despedaçado. Um mundo cor-de-rosa via adiante de seus olhos, a companhia de Julian reforçava seus pensamentos e sua auto-estima. Era como num conto de fadas, não queria mesmo acordar dele. Mas havia de acordar. O tempo havia passado tão depressa que era hora de voltar para casa.

Ela estava novamente de coração apertado, havia de ficar longe de seu novo amor, a quem conquistou tanta afetividade e companhia. Ele era como um personagem de contos de fadas, alguém difícil de se encontrar, algo difícil de se entender de tão mágico e genial. A perfeição do seu humano poderia não existir mas mesmo que vinhesse florido de caracteres que pudessem aquecer nossos corações já era o bastante e se for movido agradávelmente com palavras sinceras e recíproco, de boas atitudes aos nossos sentimentos, é sem dúvida, eloqüente e especial. Assim como regar girassóis harmoniosos em uma janela, a qual Lizzy cultiva em seu quarto, com o carinho e o amor que guarda dentro de seu coração, com as lembranças que lhe aquecem e faz pensar que todos nós podemos um dia estarmos melhor, diante da beleza universal da vida, a beleza do amor e da completude de uma companhia verdadeira, com alguém que se importe mesmo conosco, construindo uma vida com olhos mais abertos e sempre com muitos sonhos e imaginação.

Lizzy não poderia nunca parar de sonhar, este era seu princípio, sua virtude, mesmo sabendo que nem todos os dias são floridos, mas sempre haverá um melhor, mais colorido e harmonioso, como seus girassóis que transcedem brilho em sua janela; flores de luz, emanadas de felicidade e belo encanto...


(Joyce Martins)